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Nessa segunda-feira, 6 de agosto, o Congresso Nacional irá realizar uma sessão solene em homenagem ao centenário desse amado baiano e inesquecível escritor brasileiro por requerimento de minha autoria. Nascido em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, conheceu a dura sobrevivência dos trabalhadores rurais do cacau, a arrogância dos coronéis e a violência dos jagunços na constante disputa pelas terras e pelo domínio político. Aos quinze anos, já um jovem adulto, conhecera, no Pelourinho, uma nova realidade urbana que irá povoar seus romances –  a vida dos pais e mães de santo, dos estivadores do porto, dos vendedores de peixe da rampa do Mercado Modelo, das crianças abandonadas nas ruas, das prostitutas.

E foi esse território, a Bahia, que ajudou a construir no imaginário nacional e internacional. E foi essa gente, tão marginalizada e oprimida, a quem Jorge Amado deu vez e voz em sua obra, com seus mais de 500 personagens, em seus 21 romances, espalhados pelo mundo e traduzidos em 48 línguas em mais de 52 países.

Como ele mesmo disse certa vez: “A Bahia é meu tema, meu território físico e moral. Sei dela de um saber sem dúvidas, vivido e não observado do lado de fora. Estou do lado de dentro.”

E foi esse saber dividido tão generosamente, com tamanha força e originalidade, que conquistou um lugar único na literatura mundial, dando protagonismo aos afrodescendentes brasileiros. Definia-se assim: “Em verdade sou um obá – em língua iorubá da Bahia obá significa ministro, velho, sábio: sábio da sabedoria do povo.”

Em outro seis de agosto, em 2001, esse guerreiro com seus cabelos já todos brancos, deu seu último suspiro em sua casa no Rio Vermelho, ao lado de sua amada Zélia Gattai, com quem dividiu seus sonhos e toda uma vida. Casa essa, na Rua Alagoinhas 33, que urge que as nossas autoridades federal, estadual e municipal mobilizem-se para preservá-la, transformando-a em um lugar de memória para as futuras gerações sobre esse grande homem a quem a Bahia tanto deve. Nesses cem anos de seu nascimento queremos saudá-lo:

– Salve Jorge, tão amado por todos os baianos!

Lidice da Mata (lidice@lidice.com.br)

Artigo publicado no Jornal A Tarde, 04/08/2012

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