Ag\u00eancia Senado<\/em><\/a><\/p>\n

O documento final da Confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Desenvolvimento Sustent\u00e1vel, a Rio+20, ainda n\u00e3o foi aprovado, mas os senadores que participam da Confer\u00eancia comentaram as primeiras vers\u00f5es que circularam pelo Riocentro, o complexo de pavilh\u00f5es onde se realiza o evento, no Rio de Janeiro. Mesmo com perspectivas diferentes acerca dos temas debatidos, a maior parte dos parlamentares n\u00e3o v\u00ea o tom do documento, com aus\u00eancia de uma postura \u201cmais ambientalmente avan\u00e7ada\u201d, como um sinal de que a Rio+20 tenha fracassado.<\/p>\n

Para o senador C\u00e1ssio Cunha Lima (PSDB-PB),\u00a0n\u00e3o haver\u00e1 fracasso na Rio+20, assim como n\u00e3o haver\u00e1 vit\u00f3ria.<\/p>\n

– Quem cria essa expectativa termina desviando um pouco o objetivo desse encontro. N\u00e3o sairemos daqui com solu\u00e7\u00f5es m\u00e1gicas. O mundo n\u00e3o se transformar\u00e1 com a Rio+20, at\u00e9 porque o evento, internacionalmente, est\u00e1 alcan\u00e7ando uma repercuss\u00e3o muito baixa. O\u00a0que precisamos fazer \u00e9 criar uma cultura para que haja, num primeiro momento, informa\u00e7\u00e3o necess\u00e1ria para que as pessoas possam escolher de forma correta. Depois, a ger\u00eancia governamental como um todo, os pa\u00edses se integrando e procurando solu\u00e7\u00f5es em comum, como j\u00e1 aconteceu no enfrentamento na camada de oz\u00f4nio. E, por fim, a luta contra as desigualdades, a pobreza e, sobretudo, o direito das mulheres. Precisamos nos ver como um planeta \u00fanico, e n\u00e3o como um departamento dividido em estados e governos \u2013 afirmou o parlamentar, em entrevista \u00e0 Ag\u00eancia Senado<\/strong> nesta ter\u00e7a-feira (19).<\/p>\n

Und\u00e9cima hora – <\/strong>O senador Fernando Collor (PTB-AL) \u2013 autor do requerimento que iniciou o processo para a realiza\u00e7\u00e3o da Rio+20 e que, na condi\u00e7\u00e3o de ent\u00e3o presidente da Rep\u00fablica, presidiu a Confer\u00eancia da Na\u00e7\u00f5es Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco 92, tamb\u00e9m realizada no Rio de Janeiro, h\u00e1 20 anos \u2013 afirmou que, na sua experi\u00eancia, os documentos finais deste tipo de Confer\u00eancia \u201cficam sempre para a und\u00e9cima hora\u201d.<\/p>\n

– No\u00a0finalzinho do finalzinho do finalzinho \u00e9 que as coisas s\u00e3o decididas. O documento final da Confer\u00eancia n\u00e3o ir\u00e1 sair na sexta, no s\u00e1bado ou no domingo. Acho que na segunda feira \u00e9 que realmente teremos esse documento final pronto e acabado \u2013 afirmou.<\/p>\n

Alternativa ao PIB – <\/strong>J\u00e1 o senador Jorge Viana (PT-AC) disse que prefere ainda \u201capostar na ousadia\u201d. Ele disse que, sem uma mudan\u00e7a no padr\u00e3o de produ\u00e7\u00e3o e consumo, o mundo ter\u00e1 “seri\u00edssimos problemas” em poucos anos. O senador defendeu o fortalecimento do Programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e uma alternativa para o Produto Interno Bruto (PIB) como \u00fanica medida da riqueza das na\u00e7\u00f5es. Para ele, \u00e9 preciso um\u00a0sucessor do PIB, para que o mundo se torne\u00a0sustent\u00e1vel e \u201ctenha agenda s\u00f3cio ambiental bem posicionada\u201d.<\/p>\n

A senadora L\u00eddice da Mata (PSB-BA) assinalou a necessidade de a Rio+20 ter um consenso nas quest\u00f5es centrais e elogiou a posi\u00e7\u00e3o brasileira de\u00a0pressionar os pa\u00edses mais desenvolvidos para adotarem uma pol\u00edtica de prote\u00e7\u00e3o ambiental e de investimento real visando a essa prote\u00e7\u00e3o. Ela disse que o Brasil, ao acolher a Confer\u00eancia, tornou-se uma refer\u00eancia mundial sobre o assunto e passou a ter a obriga\u00e7\u00e3o de se apresentar como exemplo para a mudan\u00e7a do paradigma de produ\u00e7\u00e3o e de consumo. Ela disse que o Brasil deve reduzir o consumo de energia e aumentar a utiliza\u00e7\u00e3o de produtos reciclados, entre outras a\u00e7\u00f5es, para mostrar \u00e0s outras na\u00e7\u00f5es que \u00e9 poss\u00edvel ter uma economia ainda mais sustent\u00e1vel.<\/p>\n

Melhoria de renda – <\/strong>O relator da Comiss\u00e3o Mista sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas (CMMC), senador\u00a0S\u00e9rgio Souza (PMDB-PR), afirmou que jamais haver\u00e1 fracasso, uma vez que a simples realiza\u00e7\u00e3o da Confer\u00eancia, com o comparecimento de mais de 120 chefes de estado e de governo, j\u00e1 significa um sucesso. Ele lembrou que, nas conven\u00e7\u00f5es sobre o clima, nem sempre h\u00e1 consenso, mas os pa\u00edses participantes, independentemente do n\u00famero de signat\u00e1rios do documento final, come\u00e7am a aplicar as sugest\u00f5es feitas.<\/p>\n

Com a experi\u00eancia de quem participou da Rio92, precursora da Rio+20, e de duas Confer\u00eancias sobre o semi-\u00e1rido, realizadas em Fortaleza, o senador In\u00e1cio Arruda (PCdoB-CE) considera que haver\u00e1 um avan\u00e7o, qualquer que seja o resultado da Confer\u00eancia.<\/p>\n

O parlamentar afirmou que o caminho que capitalismo percorre \u00e9 da degrada\u00e7\u00e3o social e ambiental. Para ele, o desenvolvimento sustent\u00e1vel passa pela melhoria da renda das pessoas e do ambiente de trabalho, o que ir\u00e1 diminuir essa degrada\u00e7\u00e3o. In\u00e1cio Arruda disse que o\u00a0debate sobre meio ambiente n\u00e3o pode ser posto como impedimento ao desenvolvimento dos pa\u00edses.<\/p>\n

– Deve ser posto como investimento capaz de ajudar essas regi\u00f5es no mundo a se desenvolver. N\u00e3o podem ser um obst\u00e1culo, um novo colonialismo, com metas t\u00e3o dif\u00edceis de alcan\u00e7ar que se impe\u00e7a o desenvolvimento dessas na\u00e7\u00f5es. Este \u00e9 o debate central \u2013 afirmou.<\/p>\n

C\u00fapula de Legisladores – <\/strong>A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou, no entanto, que \u201ctudo indica que, mais uma vez, empurraremos para adiante as decis\u00f5es importantes\u201d. Mas destacou outros resultados favor\u00e1veis obtidos paralelamente \u00e0 realiza\u00e7\u00e3o da Confer\u00eancia, como a primeira C\u00fapula Mundial dos Legisladores, que aprovou um documento, para ela, \u201cextremamente correto, justo e progressista\u201d.<\/p>\n

Ela mencionou, entre as medidas consideradas importantes, o pedido de reconhecimento da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU) sobre a import\u00e2ncia do trabalho legislativo para alcan\u00e7ar o desenvolvimento sustent\u00e1vel. Al\u00e9m da proposta de realiza\u00e7\u00e3o de c\u00fapulas de legisladores a cada dois anos no Rio de Janeiro, para reavaliar as decis\u00f5es tomadas e as quest\u00f5es ambientais.<\/p>\n

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