<\/a>A Assembleia Geral da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU) deliberou que 2011 seria o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. A campanha pretende fortalecer as a\u00e7\u00f5es nacionais e a coopera\u00e7\u00e3o internacional para assegurar que as pessoas de ascend\u00eancia africana gozem plenamente de direitos econ\u00f4micos, culturais, sociais, civis e pol\u00edticos. No Brasil, no entanto, as lament\u00e1veis declara\u00e7\u00f5es de cunho racista feitas recentemente por parlamentares mostram que \u00e9 necess\u00e1rio intensificar o trabalho de valoriza\u00e7\u00e3o dos afrodescendentes e repudiar essas manifesta\u00e7\u00f5es criminosas devido ao seu car\u00e1ter preconceituoso.<\/p>\n

Os afrodescendentes no Brasil enfrentam ainda uma grande dificuldade no trabalho, na educa\u00e7\u00e3o e nas condi\u00e7\u00f5es de vida em geral. Conforme os dados apresentados no Mapa da Viol\u00eancia 2011 \u2013 um estudo nacional apresentado pelo pesquisador Julio Jacobo \u2013 a situa\u00e7\u00e3o dos negros ainda \u00e9 bastante cr\u00edtica em nosso pa\u00eds.<\/p>\n

O estudo de Jacobo aponta que em cada tr\u00eas assassinatos ocorridos no Brasil, dois s\u00e3o de negros. Enquanto os assassinatos de brancos v\u00eam caindo, os de negros continuam a subir. De 2005 para 2008, houve uma queda de 22,7% nos homic\u00eddios de pessoas brancas; entre os negros, as taxas subiram 12,1%. O cen\u00e1rio \u00e9 ainda pior entre os jovens com idade entre 15 e 24 anos. Entre os brancos, nessa faixa et\u00e1ria, o n\u00famero de homic\u00eddios caiu de 6.592 para 4.582 entre 2002 e 2008, uma diferen\u00e7a de 30%. No mesmo per\u00edodo, assassinatos entre jovens negros passaram de 11.308 para 12.749 \u2013 um aumento de 13%.<\/p>\n

Temos ainda oitocentas mil crian\u00e7as entre sete e quatorze anos fora das escolas. Desse total, quinhentas mil s\u00e3o negras. A propor\u00e7\u00e3o de crian\u00e7as e adolescentes negros fora das escolas \u00e9 superior em 30% do que a m\u00e9dia nacional. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic\u00edlios de 2003 apontam que os brasileiros brancos recebiam em m\u00e9dia R$ 931,00 em sal\u00e1rios, enquanto os negros ganhavam pouco mais de R$ 428,00. A mulher negra enfrenta uma situa\u00e7\u00e3o um pouco pior. Enquanto as brasileiras brancas, j\u00e1 discriminadas em rela\u00e7\u00e3o aos homens, recebiam em m\u00e9dia R$ 554,00 e as negras recebiam R$ 279,00. Essa \u00e9 a realidade que temos de superar.<\/p>\n

Nosso Pa\u00eds teve uma participa\u00e7\u00e3o marcante na dolorosa hist\u00f3ria da di\u00e1spora africana. A Bahia \u00e9 um dos Estados com o maior n\u00famero de negros em todo o Brasil. O IBGE registra que cerca de 76% da nossa popula\u00e7\u00e3o \u00e9 afrodescendente. Com uma popula\u00e7\u00e3o de 14,6 milh\u00f5es de habitantes, os afrodescendentes chegam a 11,2 milh\u00f5es. E por isso, em nosso Estado, a luta contra o racismo destaca-se entre tantas, porque diz respeito a nossa pr\u00f3pria exist\u00eancia como povo. Fala de nossas ra\u00edzes e de nossa origem. Diz respeito a uma luta cotidiana pela valoriza\u00e7\u00e3o da cultura e da autoestima do povo negro, que \u00e9, em s\u00edntese, a nossa gente.<\/p>\n

Motivada pela iniciativa da ONU, a ministra Luiza Bairros, da Secretaria Especial de Igualdade Racial, lan\u00e7ou a campanha \u201cIgualdade Racial \u00e9 pra Valer\u201d, durante as comemora\u00e7\u00f5es do Dia Internacional pela Elimina\u00e7\u00e3o da Discrimina\u00e7\u00e3o Racial, em 21 de mar\u00e7o. Na solenidade de lan\u00e7amento, Luiza Bairros afirmou muito apropriadamente que \u201cpromover a igualdade racial n\u00e3o \u00e9 responsabilidade s\u00f3 do movimento negro ou do estado brasileiro, mas de todos.\u201d Fa\u00e7o delas as minhas palavras e ressalto que precisamos nos unir em torno desse compromisso, como baianos e brasileiros, que \u00e9 o de lutar pelo fim de todos os preconceitos.<\/p>\n

O encerramento da programa\u00e7\u00e3o oficial do Ano Internacional dos Afrodescendentes ser\u00e1 feito com um debate sobre as conquistas das metas e dos objetivos da campanha, em setembro, durante a sess\u00e3o ordin\u00e1ria da Assembleia Geral da ONU. Aqui no Brasil, nossas comemora\u00e7\u00f5es se prolongam at\u00e9 o Dia Nacional da Consci\u00eancia Negra, em 20 de novembro. Nessa data estaremos festejando os afrodescendentes brasileiros, que deram, no passado e ainda hoje, a sua grande contribui\u00e7\u00e3o para que sejamos o Pa\u00eds e o povo a que nos orgulhamos de pertencer.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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