H\u00e1 exatos seis anos perd\u00edamos Eduardo Campos. Dias antes do acidente a\u00e9reo que lhe ceifou a vida, estiv\u00e9ramos juntos numa intensa agenda de campanha em Salvador, quando o recebemos com o entusiasmo e a anima\u00e7\u00e3o t\u00edpicos dos soteropolitanos. A candidatura presidencial de Eduardo estava em um momento decisivo e precis\u00e1vamos ocupar as ruas.<\/p>\n\n\n\n

Lembro da motiva\u00e7\u00e3o, diria mesmo da alegria que ele se dedicou \u00e0quelas atividades. Come\u00e7amos cedo, logo ap\u00f3s o caf\u00e9 da manh\u00e3 encerrado com seu grito de guerra: \u201cVamos pegar no servi\u00e7o!\u201d e um largo sorriso.<\/p>\n\n\n\n

Eduardo era um pol\u00edtico na express\u00e3o maior e mais generosa dessa palavra. Aos 50 anos j\u00e1 acumulara um curr\u00edculo not\u00e1vel. Secret\u00e1rio de Fazenda de Pernambuco, deputado estadual e federal, ministro e governador por duas vezes. Reunia duas qualidades dif\u00edceis de se encontrar t\u00e3o bem pronunciadas numa s\u00f3 pessoa: a habilidade de unir pessoas e capacidade de gest\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O talento para a vida p\u00fablica herdou do av\u00f4, Miguel Arraes, assim como o jeito para cuidar do povo. Seus compromissos com a justi\u00e7a social, o desenvolvimento inclusivo e a igualdade faziam parte de sua forma\u00e7\u00e3o pessoal.<\/p>\n\n\n\n

Em seu governo, em Pernambuco, teve papel marcante na moderniza\u00e7\u00e3o da infraestrutura para a atra\u00e7\u00e3o de novos investimentos p\u00fablicos e privados e tamb\u00e9m se preocupou com o seu povo, implementando programas de combate \u00e0 pobreza e de inclus\u00e3o social. Na educa\u00e7\u00e3o, quase triplicou os investimentos, alcan\u00e7ando R$ 4 bilh\u00f5es, uma cifra antes inimagin\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Teve significativas realiza\u00e7\u00f5es em praticamente todas as \u00e1reas das pol\u00edticas p\u00fablicas. Na seguran\u00e7a, implementou o programa Pacto pela Vida, que j\u00e1 no seu primeiro mandato reduziu em 39% o \u00edndice de homic\u00eddios no estado.<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m se preocupou com as mulheres, ao criar o M\u00e3e Coruja, programa reconhecido pela ONU, que tinha por meta reduzir a taxa de mortalidade infantil. Deu ainda aten\u00e7\u00e3o especial \u00e0s produtoras rurais.<\/p>\n\n\n\n

Aprovado por 76% dos pernambucanos, lan\u00e7ou-se candidato a presidente. Acreditava ser poss\u00edvel uma terceira via na pol\u00edtica nacional, oferecendo alternativas para um Brasil justo e solid\u00e1rio. Sua inesgot\u00e1vel capacidade de di\u00e1logo faz falta nesses dias de trag\u00e9dias e crises t\u00e3o profundas. Sua habilidade de se afastar de sectarismos e dos ru\u00eddos t\u00e3o naturais nas disputas pol\u00edticas e enxergar sa\u00eddas mais al\u00e9m, sem medo do futuro, deixam um vazio dif\u00edcil de ser suprido.<\/p>\n\n\n\n

Sua \u00faltima mensagem, ao encerrar a uma entrevista em rede nacional na v\u00e9spera do acidente, \u00e9 para n\u00f3s um grito de esperan\u00e7a: \u201cN\u00e3o vamos desistir do Brasil!\u201d. Nunca desistiremos, Eduardo. Mas confesso que com a sua lideran\u00e7a essa tarefa seria bem menos \u00e1rdua.<\/p>\n\n\n\n

* Artigo da deputada federal L\u00eddice da Mata e presidente do PSB-BA, publicado originalmente no jornal A Tarde em 13\/08\/2020<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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