\u201cO 8 de mar\u00e7o, al\u00e9m de ser uma comemora\u00e7\u00e3o que n\u00f3s temos por diversas conquistas que alcan\u00e7amos ao longo da nossa luta em defesa dos direitos da mulher, traz tamb\u00e9m novos desafios. Desafios de estarmos em uma pandemia, que \u00e9 um momento extremamente dif\u00edcil para todo o mundo, em especial para o Brasil, que \u00e9 um Pa\u00eds desigual; um Pa\u00eds onde as mulheres est\u00e3o afastadas do poder de decis\u00e3o e somos 52% da popula\u00e7\u00e3o, 52,5% de eleitoras e onde somos 48% das chefes de fam\u00edlias. Toda esta representa\u00e7\u00e3o, seja populacional ou concretamente na economia \u2013 na participa\u00e7\u00e3o de mais de 40% de presen\u00e7a das chefias de fam\u00edlia -, n\u00f3s estamos na base social e salarial do Brasil. Somos aquelas que estamos na base da pobreza brasileira, na base dos sal\u00e1rios pequenos do Brasil. Por tudo isso, comemorar o 8 de mar\u00e7o \u00e9 rememorar nossa luta hist\u00f3rica por direitos \u00e0 jornada de trabalho digna e tamb\u00e9m reafirmar o nosso compromisso com os desafios do momento\u201d, analisou L\u00eddice da Mata, que, ao final do seu discurso, mencionou os nomes das mulheres presentes e parabenizou-as pelo Dia Internacional da Mulher.<\/p>\n\n\n\n

O presidente municipal da legenda, que \u00e9 atuante nas quest\u00f5es em defesa da mulher, apresentou dados publicados pelo Departamento Intersindical de Estat\u00edstica e Estudos Socioecon\u00f4micos (DIEESE), relacionando o mercado de trabalho e a pandemia. \u201cOs dados mostram o quanto esse momento tem sido impactado na vida das mulheres. Comparando 2019 com 2020, tem um crescimento assustador do n\u00famero da taxa de desocupa\u00e7\u00e3o das mulheres. A Bahia vem liderando essa taxa chegando a 24%, um crescimento que j\u00e1 estava entre os primeiros em 2019 e isso tende a se agravar. Evidentemente, isso tem um reflexo direto nas condi\u00e7\u00f5es de vida e de sobreviv\u00eancia das mulheres\u201d, advertiu Silvio Humberto.<\/p>\n\n\n\n

A secret\u00e1ria estadual de Mulheres, Luciana Cruz, informou que a atividade teve a contribui\u00e7\u00e3o de diversas mulheres socialistas, entre elas Maura Cristina, secret\u00e1ria Nacional de Mulheres Negras (NSB), a quem agradeceu a parceria e empenho. \u201cEssa atividade foi constru\u00edda a v\u00e1rias m\u00e3os. Esse tema sai de uma reuni\u00e3o coletiva, onde todas n\u00f3s contribu\u00edmos e pensamos juntas em fazer um tema que fosse a refer\u00eancia de tudo o que est\u00e1 acontecendo nessa pandemia. Quero agradecer a Priscila Coimbra e Luciana Falc\u00e3o por estarem contribuindo com esse momento crucial, que n\u00f3s precisamos entender o que se passa na mente das mulheres nessa pandemia\u201d, agradeceu.<\/p>\n\n\n\n

Especialistas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora do Coletivo Angela Davis e integrante da Rede de Mulheres Negras da Bahia, Luciana Falc\u00e3o Lessa, abordou aspectos pol\u00edticos, sociais e hist\u00f3ricos e fez um recorte do aspecto racial na pandemia. \u201cN\u00f3s sabemos que a pandemia n\u00e3o impacta da mesma forma em todas as mulheres. Como afirma \u00c2ngela Figueiredo, a pandemia revela muito mais que aspectos biom\u00e9dicos, ela revela principalmente as mazelas sociais e pol\u00edticas que acentuavam as desigualdades sociais. <\/em>A pandemia tem impactado de forma muito mais intensa as mulheres negras porque essas mulheres est\u00e3o mais expostas e exercem os servi\u00e7os essenciais. O desemprego tamb\u00e9m \u00e9 maior entre as pessoas negras, porque elas foram mais impactadas pela pandemia, como o setor informal, de servi\u00e7os e o com\u00e9rcio\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Lessa tamb\u00e9m abordou a quest\u00e3o sanit\u00e1ria de mortes envolvendo pessoas negras e evidenciou a informa\u00e7\u00e3o de que a Bahia \u00e9 o estado que lidera o ranking de assassinatos a negros. \u201c70% das pessoas contaminadas s\u00e3o pessoas negras e 70% das que morreram tamb\u00e9m foram pessoas negras, de acordo com o relat\u00f3rio da SESAB. Nesse per\u00edodo, tamb\u00e9m aumentou o n\u00famero de mortes na quest\u00e3o da interven\u00e7\u00e3o militar. A Bahia \u00e9 o estado que mais mata negros. 97% das pessoas que foram mortas por interven\u00e7\u00e3o militar nesse per\u00edodo, foram pessoas negras; e 2% pessoas brancas\u201d, comparou e refor\u00e7ou a import\u00e2ncia da luta pelo fortalecimento do Sistema \u00danico de Sa\u00fade (SUS) e sobre o desmonte de \u201cestruturas hier\u00e1rquicas nas institui\u00e7\u00f5es baseadas na ra\u00e7a\u201d.<\/p>\n\n\n\n

A sanitarista especialista em Sa\u00fade Mental, Priscila Coimbra, fez uma an\u00e1lise do momento anterior \u00e0 pandemia no processo de \u201caniquilamento das popula\u00e7\u00f5es\u201d e dentro per\u00edodo pand\u00eamico destacou a transi\u00e7\u00e3o de g\u00eanero na perspectiva do trabalho das mulheres em \u201cdiferentes marcadores sociais\u201d.<\/p>\n\n\n\n

\u201cQuando a gente pensa nos impactos da pandemia para sa\u00fade mental das mulheres, a gente n\u00e3o pode ignorar o que a gente j\u00e1 tinha da perspectiva anterior da pandemia, para esse processo de aniquilamento das popula\u00e7\u00f5es, que aqui convivem com muita viol\u00eancia, muito adoecimento e muita morte. Uma das nossas lideran\u00e7as da Associa\u00e7\u00e3o Papo de Mulher nos lembra sempre que, ser mulher no Brasil, na Bahia e em Salvador, \u00e9 morrer todo dia, mas sobretudo tratar de n\u00e3o adoecer<\/em>, porque o machismo, o sexismo e as transfobias nos encontram todos os dias, das mais variadas formas. A situa\u00e7\u00e3o na perspectiva de classes, por exemplo, que se encontrava na pandemia, \u00e9 o processo de transi\u00e7\u00e3o de g\u00eanero que nos obrigou a trabalhar e o trabalho n\u00e3o \u00e9 o mesmo das mulheres marcadas por esses diferentes marcadores sociais\u201d, destacou.<\/p>\n\n\n\n

Coimbra tamb\u00e9m alertou sobre a import\u00e2ncia de medidas sanit\u00e1rias \u201curgentes\u201d e na perspectiva econ\u00f4mica com a luta pela libera\u00e7\u00e3o do aux\u00edlio emergencial. \u201cA gente precisa cuidar de n\u00f3s. E cuidar de n\u00f3s \u00e9 cuidar do mundo. \u00c9 preciso interromper ou desacelerar o que essa massa nazifascista coloca sobre esse pa\u00eds. A gente precisa de medidas sanit\u00e1rias urgentes. Vacina\u00e7\u00e3o num ritmo acelerado, vacina\u00e7\u00e3o para todos e \u00e9 preciso pensar na perspectiva econ\u00f4mica. Isolamento social, lockdown sem aux\u00edlio emergencial \u00e9 senten\u00e7a de morte para muita gente e muitas fam\u00edlias. \u00c9 preciso apostar no caminho da exig\u00eancia da luta pol\u00edtica pelo aux\u00edlio emergencial e socorro aos micros e pequenos empres\u00e1rios\u201d. Ap\u00f3s concluir sua fala, a apoiadora do Papo de Mulher passou a palavra para Elisleide Bonfim, coordenadora da Associa\u00e7\u00e3o e mulher com transtorno mental, que abordou um pouco da sua experi\u00eancia de sobreviv\u00eancia nessa sociedade \u201cpreconceituosa\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Com Informa\u00e7\u00f5es PSB Bahia<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Atividade virtual faz parte de programa\u00e7\u00e3o em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. \u201cN\u00f3s somos mais de 70% da m\u00e3o de obra da \u00e1rea de Sa\u00fade, portanto n\u00f3s estamos no…<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":8902,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":true,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[432,171,322,35,34],"yoast_head":"\n