L\u00eddice da Mata \u2013 Deputada Federal (PSB-BA)<\/em><\/p>\n

Uma frase curta, mas bastante significativa, se tornou um mantra da maioria dos brasileiros, an\u00f4nimos ou famosos, a partir do in\u00edcio da vacina\u00e7\u00e3o contra a Covid-19, no primeiro semestre deste ano. Trata-se do \u201cViva o SUS!\u201d. A cada picada da agulha que transporta o imunizante da seringa at\u00e9 o organismo daqueles que receberam suas doses de esperan\u00e7a, havia um grito, um cartaz e punhos cerrados em defesa do Sistema \u00danico de Sa\u00fade.<\/p>\n

Aplaudo o gesto, pois \u00e9 para defender mesmo. No entanto, isso n\u00e3o pode se aplicar apenas na hora em que o SUS se converte, literalmente, na salva\u00e7\u00e3o das nossas vidas. Muito mais do que imaginamos e muito mais do que na crise sanit\u00e1ria do novo coronav\u00edrus, esse Sistema \u00e9 respons\u00e1vel pelo atendimento de mais de 150 milh\u00f5es de pessoas ou o equivalente a 70% da popula\u00e7\u00e3o brasileira.<\/p>\n

Todo esse potencial est\u00e1 sendo amea\u00e7ado agora por uma pequena sigla: a PEC 32, tamb\u00e9m conhecida como PEC da reforma administrativa, que est\u00e1 prestes a ser votada por deputados e senadores. O texto proposto pelo governo Bolsonaro visa desidratar e, em muitos casos, at\u00e9 mesmo extinguir o servi\u00e7o p\u00fablico em determinadas \u00e1reas.<\/p>\n

Entre as principais cerejas mofadas deste bolo indigesto, que \u00e9 o texto da PEC 32, est\u00e3o a retirada da estabilidade do servidor, a perda da transpar\u00eancia, o crescimento exponencial do n\u00famero de indica\u00e7\u00f5es pol\u00edticas em detrimento dos funcion\u00e1rios de carreira e a facilita\u00e7\u00e3o para esquemas de corrup\u00e7\u00e3o, o que trar\u00e1 um sucateamento completo dos servi\u00e7os que atendem \u00e0 popula\u00e7\u00e3o, sobretudo os mais pobres, que s\u00e3o os que mais precisam.<\/p>\n

Ali\u00e1s, a turma do neoliberalismo j\u00e1 contribui para isso h\u00e1 tempos, quando demoniza os servidores, numa falsa narrativa que questiona e ridiculariza, o tempo inteiro, a produtividade dos profissionais que atuam nos \u00f3rg\u00e3os e empresas que fazem parte do Estado brasileiro.<\/p>\n

Eles omitem diversos dados que podem jogar luz \u00e0 realidade dos servi\u00e7os p\u00fablicos em nosso Pa\u00eds. Al\u00e9m dos bons \u00edndices de produtividade, temos um contingente aqu\u00e9m do que pode realmente atender \u00e0 nossa popula\u00e7\u00e3o. A taxa de funcion\u00e1rios de estatais e \u00f3rg\u00e3os dos governos federais, estaduais, municipais, al\u00e9m de autarquias e entes como o Judici\u00e1rio e Minist\u00e9rio P\u00fablico, n\u00e3o corresponde a 5% do total de habitantes no Brasil, quando o percentual ideal seria em torno de, pelo menos, 10% como vemos em pa\u00edses desenvolvidos como Alemanha, Espanha, It\u00e1lia e Estados Unidos, dentre outros.<\/p>\n

T\u00e3o criticado pelos defensores de sua privatiza\u00e7\u00e3o, os Correios, que t\u00eam uma imensa capilaridade, vinda de uma expertise acumulada em mais de 300 anos, hoje entregam documentos e encomendas em 100% do territ\u00f3rio nacional. Ou seja: do Oiapoque ao Chu\u00ed. Agora, com a autoriza\u00e7\u00e3o de sua privatiza\u00e7\u00e3o, assistiremos ao triste filme do aumento do frete postal, sobretudo para as \u00e1reas mais remotas do Brasil que, caso tenham sorte, ter\u00e3o um servi\u00e7o com pre\u00e7o mais caro. Do contr\u00e1rio, seus moradores ter\u00e3o que deslocar-se a outras cidades para terem acesso \u00e0s suas correspond\u00eancias. E n\u00e3o havia um motivo concreto para a venda dos Correios, pois a empresa registrou lucro l\u00edquido de R$ 12 bilh\u00f5es e repassou R$ 9 bilh\u00f5es em dividendos nos \u00faltimos 20 anos.<\/p>\n

O mesmo se ensaia com o Banco do Brasil e com a Caixa Econ\u00f4mica Federal, respons\u00e1veis pela interioriza\u00e7\u00e3o das ag\u00eancias em todo o Pa\u00eds. Antes mesmo de iniciar o processo de privatiza\u00e7\u00e3o, Bolsonaro e Paulo Guedes j\u00e1 estudam fechar pelo menos 360 ag\u00eancias do BB.<\/p>\n

Na Educa\u00e7\u00e3o n\u00e3o ser\u00e1 diferente, pois a t\u00e1tica de desidratar para vender ou extinguir tamb\u00e9m est\u00e1 presente nas universidades e institutos federais. Temos um governo que transforma em cinzas tudo o que toca. Mas vamos resistir! Vamos lutar sempre contra o desmonte o Brasil, por mais investimento na pesquisa, na forma\u00e7\u00e3o de educadores e no SUS que salva milh\u00f5es de vidas brasileiras todos os dias.<\/p>\n

Artigo originalmente publicado na Revista Carta Capital.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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