Em 10 de agosto de 2012, o baiano Jorge Amado completaria 100 anos de nascimento. Para marcar a data, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), em conjunto com outros senadores, apresentou, em dezembro do ano passado, proposta de sessão destinada a reverenciar a memória do escritor. A proposta foi aprovada no último mês de maio e a sessão solene do Congresso será realizada no próximo dia 6 de agosto (segunda-feira), às 11 horas, no plenário do Senado Federal. Assinaram a proposta, conjuntamente com a senadora baiana, o presidente do Senado, José Sarney (PMBD/AP), e os senadores Antonio Carlos Valadares (PSB/SE), João Capiberibe (PSB/AP), Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), João Durval (PDT/BA) e Walter Pinheiro (PT/BA).
A abertura da solenidade será feita pelo Coral do Senado, que apresentará o Hino Nacional. Durante os pronunciamentos dos senadores que solicitaram a homenagem e também do presidente do Congresso Nacional, José Sarney, será apresentado um vídeo com imagens e frases do escritor, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira. Já estão confirmadas as presenças do filho primogênito de Jorge Amado, João Jorge Amado; e do presidente da Fundação Casa de Jorge Amado, Artur Guimarães Sampaio.
O Coral do Senado irá apresentar uma música de seu repertório para fechar a comemoração oficial. Às 18 horas, também por iniciativa da senadora Lídice da Mata, será aberta a exposição “Centenário de Jorge Amado”, na Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho, do Senado. Até 17 de julho, ficarão expostos exemplares das primeiras edições de obras do autor, gentilmente cedidos pela Fundação Casa de Jorge Amado. Também haverá painéis mostrando a cronologia das publicações e frases do escritor. A exposição pode ser visitada de segunda à sexta-feira, das 8h30 às 18h30.
A trajetória – Natural de Itabuna, Jorge Amado está entre os mais importantes escritores brasileiros do século XX. Só no Brasil, teve mais de 20 milhões de livros vendidos. No exterior, sua obra foi traduzida em 55 países, num total de 49 idiomas, existindo também exemplares em braille e em fitas gravadas para cegos.
Aos 18 anos, morando no Rio de Janeiro para cursar Direito, Jorge Amado publica, em 1931, seu primeiro romance, “O País do Carnaval”. Esta obra foi concluída em dezembro de 1930, mas a publicação, pela Schmidt Editor, do Rio de Janeiro, deu-se somente em setembro de 1931, com 217 páginas, mil exemplares, e carta-prefácio do poeta Augusto Frederico Schmidt.
O segundo romance foi publicado em 1933, “Cacau”, contando a vida dos trabalhadores das plantações de cacau do sul da Bahia, retratada em frases curtas. Na época, disse Jorge Amado sobre a obra: “Tentei contar neste livro, com um mínimo de literatura para um máximo de honestidade, a vida dos trabalhadores das fazendas de cacau do sul da Bahia. Será um romance proletário?”. A edição foi apreendida pela polícia, mas liberada graças ao então ministro do Exterior, Osvaldo Aranha. Foi o primeiro livro de Jorge Amado a ser traduzido para outro idioma, o espanhol.
Outro sucesso, “Capitães de Areia” foi publicado em 1937, abordando a vida dos meninos de rua da Bahia na década de 30. Esta foi outra obra apreendida e que chegou a ter edições queimadas.
“Gabriela, Cravo e Canela”, de 1953, e que está novamente na televisão em segunda versão de novela (a primeira foi em 1975), é outro romance em torno do ciclo do cacau, narrado em Ilhéus.
Jorge Amado tinha orgulho do título de “obá”, ou “ministro”, concedido aos amigos e protetores do candomblé. Na política, foi eleito em 1945 para a Assembleia Nacional Constituinte, na legenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais votado pelo Estado de São Paulo. Foi autor da lei, ainda em vigor, que assegura o direito à liberdade de culto religioso.
Naquele mesmo ano, casou-se com Zélia Gattai. Em 1947, quando nasce João Jorge, o primeiro filho do casal, o PCB foi declarado ilegal e seus membros perseguidos e presos. Jorge Amado teve que se exilar com a família na França, onde ficou até 1950. Um ano antes, em 1949, morre no Rio de Janeiro sua filha Lila. Entre 1950 e 1952, viveu em Praga, onde nasceu sua filha Paloma. De volta ao Brasil, Jorge Amado afastou-se da militância política em 1955, sem, no entanto, deixar os quadros do Partido Comunista.
Suas obras o tornaram o autor mais adaptado da televisão brasileira. Além de Gabriela, sucessos como Tieta do Agreste, Teresa Batista Cansada de Guerra, Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres foram eternizados em novelas e filmes. A produção de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações também para o teatro, além de ter sido tema de enredo de escolas de samba. Este ano, duas agremiações (a Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro, e Mocidade Alegre, campeã do Carnaval 2012 em São Paulo), prestaram homenagens ao centenário do escritor nos sambódromos.
O autor recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Sorbonne. Foi quatro vezes ganhador do Prêmio Jabuti, principal troféu literário do Brasil. Em 1994, sua obra foi reconhecida com o Prêmio Camões, instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988, e atribuído aos autores que tenham contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. Membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Letras da Bahia.
Em 1988, disse Jorge Amado sobre a arte de escrever: “Acho que você não deve fazer nada que não o divirta, lhe dê prazer. Também não deve exercer um ofício, uma profissão para a qual é incompetente”.
A última obra editada do escritor foi o conto “O Milagre dos Pássaros”, escrito em 1979, mas publicado somente em 1997. Faleceu em Salvador, em 6 de agosto de 2001, aos 88 anos de idade. Em 2008, as obras do escritor ganharam nova casa editorial: a Companhia das Letras, que está relançando a vasta obra deste grande e imortal escritor baiano, brasileiro, e do mundo.
Fundação Casa de Jorge Amado – A Fundação Casa de Jorge Amado foi criada em 1986 para manter viva a memória de um dos maiores escritores brasileiros. Sua principal meta é conservar e estudar os acervos de Jorge Amado e Zélia Gattai, um conjunto de mais de 250 mil documentos, fotos, recortes de jornal, artigos científicos, primeiras edições e datiloscritos dos seus livros, além de prêmios e medalhas. Desde que foi inaugurada, a Fundação conta com uma exposição permanente de fotos, livros e objetos relacionados à vida e obra de Jorge Amado e Zélia Gattai.
Conheça a Fundação Casa de Jorge Amado
Programação:
- Sessão Solene do Congresso Nacional em
- homenagem ao Centenário de Jorge Amado
- Dia 6 de agosto de 2012, às 11 horas
- Local: Plenário do Senado Federal
- Exposição Centenário de Jorge Amado
- Abertura: Dia 6 de agosto de 2012, às 18 horas
- Visitação: de 7 a 17 de agosto, das 8h30 às 18h30
- Local: Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho
- Acesse a íntegra do requerimento
- Acesse as assinaturas do requerimento
- Consulte a biografia do escritor
- Consulte a cronologia (Companhia das Letras)
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Assessoria de Imprensa, 31/07/2012