O Dia Internacional da Mulher, comemorado em oito de março, coincide este ano com o Carnaval. Uma coincidência que nos leva à reflexão de que se muito temos nós mulheres brasileiras o que comemorar e partilhar da alegria dessa festa, por outro lado ainda temos muito a lamentar pelas estatísticas de violência contra as mulheres e pelas injustas desigualdades que ainda temos que suportar.
O Carnaval e seus bons momentos passam, mas a realidade do nosso dia-a-dia continua. Na semana passada, foi divulgada a pesquisa “Mulheres brasileiras nos espaços público e privado”, realizada pela Fundação Perseu Abramo em pareceria com o SESC. Nela uma triste constatação: a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente em nosso país.
Os números revoltantes dessa pesquisa revelam motivos fúteis para as agressões. A maioria ocorreu por ciúmes, alcoolismo e bebedeira ou por uma alegada infidelidade ou suspeita de infidelidade. Todos esses motivos são injustificáveis e inaceitáveis. Apesar do absurdo, essa situação já foi pior. Há dez anos, eram oito mulheres espancadas no mesmo intervalo de tempo.
A violência contra a mulher gestante também foi constatada na pesquisa. Uma em cada quatro mulheres entrevistadas disseram que sofreram maus-tratos durante o parto, tanto em hospitais públicos quanto em privados. Reclamações como exame de toque de forma dolorosa; atendimento negado para assistência à gravidez; negação de algum tipo de alívio para dor; além de xingamentos ou humilhações.
Frases do tipo: “Não chora não que ano que vem você está aqui de novo”, ou, “Na hora de fazer não chorou. Não chamou a mamãe, por que está chorando agora?”, foram ouvidas pelas entrevistadas.
Durante toda minha vida pública, como vereadora, deputada federal e estadual, prefeita de Salvador e agora como senadora, sempre estive à frente da luta para combater a violência, a desigualdade e a discriminação da mulher, propondo projetos legislativos e emendas ao Orçamento para fomentar políticas públicas que promovam o bem estar da mulher e atendam suas necessidades básicas.
Mas, nós mulheres brasileiras também temos motivos para celebrar e, talvez o principal, seja o de termos pela primeira vez uma presidenta no comando do país. Dilma Rousseff, ao assumir o cargo fez questão de formar uma equipe composta por muitas mulheres para o seu ministério. Gostaria de destacar a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, que vem tendo um papel importante na luta contra a discriminação racial e de gênero.
Nesse início de ano tive a alegria e a honra de recepcionar em minha residência oficial em Brasília mulheres representantes de várias entidades feministas dentre elas o CFEMEA, o Coletivo Leila Diniz, o Cunhã Coletivo Feminista, o Geledés – Instituto da Mulher Negra, o Instituto Patrícia Galvão, a Rede de Desenvolvimento Humano – REDEH e o SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia que estiveram reunidas, para o primeiro encontro da 54ª Legislatura (2011-2015), com a bancada feminina no Senado Federal e na Câmara dos Deputados.
Contamos também com a honrosa presença das ministras Iriny Lopes, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, e Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Nessa oportunidade, foram realizadas algumas reflexões sobre os aprimoramentos necessários à Lei Maria da Penha, para que esse importante instrumento legal possa cumprir efetivamente a sua função de combate à violência contra as mulheres.
É digno de registro também e de comemoração a criação histórica, no dia 24 deste mês, da ONU MULHERES, que representa o mais ousado esforço das Nações Unidas, até o momento, para acelerar as ações para a igualdade de gênero.
Enfim, passadas as festas e revigoradas, cada vez mais unidas e organizadas, nós mulheres brasileiras vamos enfrentar este ano de muitos desafios com muita luta, e certamente com muitas novas conquistas.