O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (22/5) o Projeto de Lei (PL) 1406/11, do Senado Federal, que teve origem em proposição (PLS 66/2011), de autoria da senadora Lídice da Mata (PBS-BA), que denomina “Engenheiro Vasco Filho” o trecho da BR-324 que liga os municípios baianos de Salvador e Feira de Santana. O projeto segue agora para sanção presidencial.
De acordo com a senadora Lídice da Mata, o engenheiro Vasco Filho foi o responsável pelo planejamento e pela construção de várias estradas na Bahia, “tendo se tornado uma das maiores expressões da engenharia rodoviária brasileira”, por isso “merece que seu nome seja lembrado ao lado da estrada que era a menina de seus olhos, conforme a expressão que ele próprio costumava usar”.Segundo a autora do projeto, foi ele quem previu a necessidade da construção do trecho rodoviário que liga Salvador a Feira de Santana. A proposta visa justamente a atribuir a esta rodovia o nome de seu idealizador. “Esta obra tem grande significado para o desenvolvimento do Estado. Apresentamos a proposta justamente no ano em que a estrada completou 70 anos”, lembrou a parlamentar.
Lídice lembra, ainda, que, mesmo sem ser baiano, o engenheiro Vasco Filho – Dr. Vasco, como era conhecido por colegas e subordinados – dedicou sua capacidade de liderança e competência para influir na necessária assunção pela Bahia do papel que lhe estava destinado entre os estados do Nordeste e no concerto das demais unidades da Federação. “É como se ele quisesse devolver, em agradecimento, o que ele e seus familiares receberam da sociedade baiana”.
Histórico – Nas primeiras décadas dos anos de 1900, a Bahia vivia um marasmo em sua economia e, por consequência, nas demais áreas de sua estrutura administrativa. A comunicação entre as várias regiões do Estado – e delas com a capital – restringia-se ao precário transporte marítimo e fluvial, acoplado à rede ferroviária que servia ao Sudoeste, ao Norte e ao Nordeste, com trens de carga e passageiros que se arrastavam por trilhos velhos e dormentes estragados e pouco conservados.
Chegou então o momento da substituição, não dos dormentes, mas do próprio meio que passou de ferroviário para o estabelecimento de rodovias. Já havia sido iniciada a construção da Rio-Bahia, a BR-116. Mas Salvador ficaria fora de seu trajeto, passando por Feira de Santana, então distante da capital muitos quilômetros de chão e cerca de cinco horas de viagem. Foi então que surgiu a figura do engenheiro Vasco Filho. Como chefe do 7º distrito do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), e demonstrando possuir visão de futuro, ele sugeriu ao então secretário de Viação e Obras Públicas, Pimenta da Cunha, e ao governador do Estado, Otávio Mangabeira, um plano para elaborar um traçado inteiramente novo, inclusive uma rodovia duplicada, para a importante ligação que integraria interior e capital, em curto tempo de uma hora e vinte minutos. Esta era então a estrada mais bem lançada do Brasil, segundo o livro “Cultura e Economia”, publicado pela Editora Enciclopédica Contemporânea Inter-Americana Ltda., em 1955.
A Bahia-Feira, atual BR-324, cuja construção teve início em novembro de 1948, simultaneamente em Salvador e em Feira de Santana, hoje cumpre importante papel de permitir e agilizar o escoamento da produção do Estado, inclusive possibilitando a saída/entrada por via portuária, além de integrar Salvador às diversas rodovias que se cruzam em Feira, oriundas dos vários pontos do País.