Mulheres em Movimento: entrevista com a senadora Lídice da Mata
Para a senadora, uma das tarefas das mulheres é “trabalhar para demonstrar que há um candidato que é inimigo das pautas das mulheres”
Por Carla Batista*
As eleições gerais (07/10) resultaram num índice de 87% de renovação para o Senado Federal. Perdemos aí uma das grandes aliadas dos movimentos de mulheres e feministas, de “todas as lutas que dizem respeito ao direito à cidadania e aos direitos humanos”, como Lídice da Mata se refere ao seu compromisso. Assim como em Pernambuco Marília Arraes teve a candidatura para governadora preterida no rearranjo eleitoral, a senadora teve o projeto de continuidade no Senado, não sem resistência, modificado por lideranças baianas. Para nossa alegria, ela estará atuando em outra frente, o Congresso Nacional.
Lídice da Mata é uma dessas mulheres que merece o nosso voto não apenas pelo fato de ser mulher e porque é importante que elas sejam eleitas. Mas porque soma a isso o seu engajamento a questões que dizem respeito a uma vida melhor para todas e todos.
Sua presença fará diferença numa legislatura na qual algumas pautas conservadoras deverão ser retomadas, a saber: redução da maioridade penal, flexibilização do estatuto do desarmamento, escola sem partido, restrições ao aborto legal, reforma da previdência, avanço sobre reservas ambientais e indígenas, etc.
Como se sabe, enquanto o PMDB e o PSDB perderam juntos 56 cadeiras, o PSL cresceu na esteira do seu candidato a presidente, ficou com 52 vagas. Estima-se que a Frente Evangélica deverá ter 180 nomes. A direita cresceu e tem número para aprovar, inclusive, mudanças constitucionais. Há, por outro lado, uma fragmentação maior de partidos de esquerda, o que significa que a construção de apoio a propostas dependerá da negociação com um número maior de legendas. Mas, como afirma Lídice, há “uma bancada de luta boa!”.
O futuro é de incertezas. Qual seja a candidatura vitoriosa nesse próximo domingo, será importante a continuidade da mobilização social em torno a projetos que consideram a democracia como uma possibilidade de resguardar que direitos de minorias possam conviver com os da maioria. Para a senadora, uma das tarefas das mulheres é “trabalhar para demonstrar que há um candidato que é inimigo das pautas das mulheres”.
Entre outros temas, a senadora comenta o aumento da bancada feminina no Congresso Nacional e o resultado das eleições para o seu partido, o PSB, vitorioso nas candidaturas ao governo dos estados de Pernambuco, Paraíba e Espírito Santo.
Às vésperas da votação do segundo turno, quando será definido não só o presidente do país mas um projeto de futuro, de nação, ouça e entrevista completa da senadora pelo PSB da Bahia, Lídice da Mata
Carla Gisele Batista é historiadora, pesquisadora, educadora e feminista desde a década de 1990. Graduou-se em Licenciatura em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1992) e fez mestrado em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismo pela Universidade Federal da Bahia (2012). Atuou profissionalmente na organização SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia (1993 a 2009), como assessora da Secretaria Estadual de Política para Mulheres do estado da Bahia (2013) e como instrutora do Conselho dos Direitos das Mulheres de Cachoeira do Sul/RS (2015). Como militante, integrou as coordenações do Fórum de Mulheres de Pernambuco, da Articulação de Mulheres Brasileiras e da Articulación Feminista Marcosur. Integrou também o Comitê Latino Americano e do Caribe de Defesa dos Direitos das Mulheres (Cladem/Brasil). Já publicou textos em veículos como Justificando, Correio da Bahia, O Povo (de Cachoeira do Sul).