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Foto: Sérgio Francês

Desde a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, parlamentares da base do governo tentam obstruir os trabalhos do colegiado e diminuir a sua importância, até mesmo questionando a forma como estão sendo conduzidas as oitivas. Em virtude dessas atitudes, a relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), rechaçou qualquer possibilidade do colegiado tomar lados em suas investigações. “Toda a atuação da CPMI está prevista nos regimentos internos da Câmara e do Senado e também no Código Penal. Seguimos o objetivo central do grupo de investigar a existência de fake news, como são produzidas, distribuídas e financiadas”, reforçou.

A socialista acrescentou que o colegiado não está usando o erário público, o dinheiro do cidadão, para investigações sem finalidade. “Tem muita gente querendo parar o nosso trabalho, muitas pessoas não querem que caracterizemos o crime de fake news. No entanto, temos o dever de colocar a CPMI adiante e fazer cumprir os seus objetivos”, afirmou.

Nesta quarta-feira (6), a CPMI das Fake News ouviu representantes de agências de checagem. A relatora perguntou aos depoentes acerca das dificuldades em combater a prática de disseminação de falsas notícias, se sabem quais são as principais técnicas de disseminação manipulada de conteúdos da internet e se existem formas de artificialmente viralizar conteúdos. “Os casos analisados até agora pela CPMI parecem seguir uma receita pré-determinada tanto para elaboração do conteúdo, quanto para sua propagação. Gostaria de saber se existem de fato técnicas estabelecidas para manipulação de conteúdos de desinformação.”

A socialista questionou também se há indícios que nas eleições de 2018 houve ampliação do uso de botnet em redes sociais na internet. Botnet é uma rede de computadores infectados por softwares que podem ser controla-los remotamente obrigando-os a enviar spam e espalhar vírus sem consentimento dos donos. 

O portal Comprova, criado durante o período eleitoral do ano passado, verificou o que transitava pelas redes sociais no período de 12 semanas e que tivesse muita viralização, segundo seu idealizador, Sérgio Boeck. “É importante a verificação do que tem muita viralização, para não correr risco de promover ainda mais o boato”, explicou. Sérgio constatou que as fake news começam com alguma notícia verídica coberta pelo que chamou de castelo de mentiras. “No ano passado foram constatadas diversas notícias falsas, mas este ano o número que circula nas redes é ainda maior”, lamentou.

Idealizador do portal Boatos.org, Edgard Matsuki afirmou que existe dificuldade de identificação do emissor zero, quem cria o boato, e que a quebra do anonimato pode acarretar no cerceamento da privacidade dos usuários. Em relação as eleições de 2018, Matsuki afirmou que o volume de mensagens foi atípico na época e que chegavam a receber mil mensagens por dia para serem verificadas.

O Boatos.org foi criado em 2013 e segundo seu idealizador, fazem uma métrica de fatos diários na hora da análise do conteúdo e os mais viralizados são analisados. “Muitas das tarefas poderiam ser feitas por qualquer internauta antes de compartilhar boatos. Esta questão atinge não só a política, mas diversas áreas. Tem pessoas deixando de seguir tratamentos de saúde por contas de notícias falsas em circulação na internet”, disse. Matsuki explicou que essas notícias costumam ter tom alarmista, apelativo com palavras em caixa alta e com acusações.

Em relação às acusações feitas pelo investigado ouvido na tarde de terça-feira (5), na CPMI, Allan dos Santos do blog Terça Livre, de que as empresas de checagem são aliadas da grande mídia, financiadas por empresas internacionais e com viés ideológico, todos os presentes afirmaram serem inverídicas. Todos mostraram que o trabalho segue metodologia específica e que buscam desmentir notícias falsas disseminadas de maneira geral, sem ter ligação alguma a qualquer lado político. Gilmar Lopes, do portal e-faras.com afirmou que Allan falou inverdades em seu depoimento e inclusive mostrou notícias que não são verdadeiras.

A necessidade e uma legislação que investigue o vazamento de dados foi levantada pela representante da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação, Adriele Brito. “O Brasil precisa estar atento às simetrias que regem as relações diplomáticas na área de proteção de dados, pensando nos riscos jurídicos para empresas que utilizam dados. O tema é uma preocupação mundial”, acrescentou.

Com informações do Portal da Liderança do PSB na Câmara

Leia também na Agência Câmara: Especialistas apontam custo financeiro e dificuldades técnicas no combate a fake news

Confira a íntegra da audiência

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