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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News realizou no dia 3/12 oitiva com representantes da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); da Agência Lupa; do Portal Aos Fatos; da seção Fato ou Fake do G1; e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O intuito da reunião foi debater alternativas para combater a disseminação de notícias falsas que circulam no País. Para todos os presentes, a criminalização não é o caminho para resolver o problema das fake news e pode interferir negativamente na liberdade de expressão.

A relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), perguntou aos expositores qual a diferença entre informação mal checada e fake news. A socialista questionou também se é possível ter uma experiência exitosa no combate às notícias falsas e, ao mesmo tempo, garantir a liberdade de expressão. “Qual papel das plataformas nesse processo? Elas ainda não assumem nenhum compromisso com aquilo que veiculam, inclusive mantendo os registros de dados dos usuários fora do País.” Lídice pediu que os presentes orientassem o colegiado sobre quais as técnicas estabelecidas para superar a disseminação de conteúdo falsos. “Como podemos nos prevenir?”, questionou.

Natália Leal, representante da Agência Lupa, defendeu que a principal saída a longo prazo passa pelo sistema educacional para instruir as futuras gerações. “Não podemos aplicar apenas soluções temporárias, mas temos que discutir como as pessoas se informam”, disse. Natália defende a regulação das plataformas, o que chamou de “vacina” no combate às notícias falsas, até para trazê-las ao debate e à possível responsabilização.

A Agência Lupa é a mais antiga empresa de checagem do Brasil. De acordo com sua representante, a Lupa nasceu fazendo fact-checking – checagem dos fatos – e percebeu um boom na curva já ascendente de desinformação durante as eleições de 2018. “Lula, Fernando Hadaad, Bolsonaro e Sérgio Moro foram os nomes exibidos em destaque na maioria das informações falsas que circularam na internet no último ano. O Supremo Tribunal Federal também é foco constante de notícias falsas nas redes”, informou Natália.

Arnaldo Jacob, da ABI, afirmou que as fake news desorganizam a formação da opinião pública e desestabilizam o Estado Democrático de Direito. Diante do cenário de disseminação da desinformação de forma cada vez mais sofisticada e persuasiva, Jacob contou que a ABI desenvolveu um projeto para captar informações nocivas, por meio da robótica, com o intuito de injetar nas redes sociais avisos de que determinadas notícias são suspeitas. “A preocupação é combater de forma rápida o efeito da contaminação. A grande questão é como combater essa disseminação no Brasil onde o próprio principal mandatário produz fake news”, acrescentou.

Brasileiros se informam prioritariamente por redes sociais, segundo Tainã Nalon, do portal Aos Fatos. De acordo com ela, nas eleições, 34% dos eleitores se informaram por redes sociais e 34% por whatsapp. “Temos o objetivo de pensar em soluções inovadoras no combate à desinformação. Esse problema não irá desaparecer. O maior problema é o nível precário de acesso à informação que temos hoje no País”, disse.

O papel dos jornalistas nesse combate à desinformação foi levantado pelos presentes durante a reunião. Para o representante da Fenaj, Gésio Passos, a mídia precisa debater sua própria função. “Precisamos investir na formação do jornalista. Hoje, vemos o enxugamento brutal das redações, o que leva à falta de qualidade jornalística”, afirmou.

Ao fim da reunião da CPMI, a relatora Lídice da Mata reforçou o compromisso do colegiado em buscar quem produz, quem distribui e quem financia as fake news. “Não temos compromisso com nenhum dos lados, mas sim com a verdade.”

Com informações do Portal da Liderança do PSB na Câmara

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Assista à integra da audiência

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