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Foto: Dinho Souto (PSB na Câmara)

O dono da agência de marketing digital Yacows, Lindolfo Alves, foi ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, nesta quarta-feira (19). A empresa é acusada de operar disparos em massa em favor de campanhas políticas durante as eleições de 2018. Na última semana, Hans River, ex-funcionário da Yacows, depôs no colegiado e acusou o grupo de fornecer uma lista com aproximadamente dez mil CPFs de idosos, sem o conhecimento deles, para serem usados em chips de celulares com o objetivo de disparar mensagens em massa na internet durante o período eleitoral.

Em seu depoimento, Lindolfo afirmou desconhecer a lista de CPFs e que não precisa deles para ativar chips. “Todas as ações da empresa são feitas dentro da legalidade e nossa plataforma não fez disparo de fake news”, afirmou o empresário. Embora afirme não disparar fake news, Lindolfo demonstrou não ter conhecimento de todo o conteúdo enviado pela sua plataforma Bulk Services.

Lindolfo tem outras empresas de marketing em seu nome, a Kiplix, Deep Marketing e Maut, também de marketing digital. A relatora do colegiado, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), questionou o depoente do porquê as empresas têm o CNPJ diferente, qual delas realmente contratou Hans, já que ele disse ser contratado pela Yacows sendo que no processo judicial foi recebido pelo advogado da Maut, e quais agências contrataram o serviço da Yacows durante o período eleitoral.

A relatora questionou também a facilidade com que agências se cadastram na plataforma da empresa, pagam determinado valor, e enviam o que querem. “Vimos nessa audiência de hoje que é preciso pensar em uma legislação que possa fazer com que empresas de disparos coletivos sejam melhor fiscalizadas pelo poder público. Não estou criminalizando a empresa, mas fica claro pela apresentação que a plataforma é vulnerável”, disse.

O empresário disponibilizou uma lista de políticos que utilizaram dos serviços da empresa durante a campanha, entre eles o candidato à Presidência da República Henrique Meirelles (MDB-SP). Os candidatos Fernando Haddad e Jair Bolsonaro também usaram os serviços da empresa, mas não constam na lista porque subcontratam a empresa. Lindolfo não citou o nome da agência que o contratou para a campanha de Haddad. Na campanha do presidente Bolsonaro, o empresário citou parceria com a empresa AM4 que, segundo ele, contratou o serviço e 20 mil mensagens de whatsapp, mas só 900 foram utilizadas.

Defesa à CPMI:

Durante as audiências realizadas pela CPMI, parlamentares da base do Governo insistem em desmerecer a importância dos trabalhos do colegiado. Nesta quarta-feira (19), não foi diferente. A relatora, Lídice da Mata, reforçou a importância das investigações e lembrou aos presentes que o debate sobre notícias falsas permeia o cenário mundial.

“A CPMI cumpre uma função essencial no País. Recebemos especialistas de diversas áreas, como direito cibernético, tecnologia da informação, operadoras de telefonia. Tivemos ontem uma ótima audiência sobre as fake news na saúde pública. Estamos cumprindo os objetivos do colegiado em investigar não só as eleições de 2018, mas também o cyberbullying e os crimes perpetrados contra a infância”, informou. Para a parlamentar socialista, é essencial entender o fenômeno das fake news que tem efeitos nefastos na vida da população e da democracia brasileira.

Fonte: Liderança do PSB na Câmara

Reveja a íntegra da audiência pelo canal do Youtube da TV Câmara

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