A senadora Lídice da Mata (PSB-BA), em entrevista à Política Real, avaliou 2017 como um marco da resistência contra os retrocessos do governo Temer. Para ela, com a interrupção do mandato da ex-presidente, Dilma Rousseff (PT), o país vem enfrentando uma crise sem precedentes, tanto economicamente quanto politicamente.
“Ao encerrar 2017, esperança e luta são, novamente, as palavras que movem meu sentimento ao apresentar esta breve retrospectiva do nosso mandato”, avaliou. “Desde que o governo da primeira mulher eleita Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, foi interrompido em 2016 por um impeachment causado por um golpe midiático e parlamentar, o Brasil vem enfrentando uma crise sem precedentes, tanto política quanto econômica e institucional”.
Política Real: Senadora, como a senhora avalia o trabalho no Congresso neste ano? O que marcou a sessão legislativa de 2017?
Lídice: O ano foi marcado por intensa luta e resistência a uma série de retrocessos que vêm sendo promovidos pelo governo Michel Temer, com destaque para a reforma trabalhista – aprovada e que já está vigorando; e a reforma da Previdência, ainda em andamento. Tais medidas fazem parte de um projeto político, o mais cruel e perverso contra os trabalhadores dos últimos 50 anos. Nenhum governo da história do Brasil promoveu – como este – mudanças tão profundas e contra a vontade popular!
Política Real: E a participação da população na atividade dos parlamentares?
Lídice: Em função dessa enxurrada de retrocessos, durante o ano pudemos ver e participar de uma série de mobilizações demonstrativas da força da classe trabalhadora, que reagiu, em todo o País, com greves e manifestações.
Política Real: Qual momento do seu mandato ficou marcado?
Lídice: Um dos destaques foi nossa Proposta de Emenda à Constituição (PEC 24/2017) que visa a tornar permanente o Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – garantindo, também, mais recursos para a educação. A proposta está sendo debatida em todo o Brasil e ganha apoio de sindicatos e entidades representativas de professores e trabalhadores da educação.
Ainda na área de educação, defendemos a alfabetização mais cedo de crianças; sugerimos a criação de um grupo de trabalho no Senado para acompanhar e monitorar a implantação da reforma do ensino médio, aprovada no ano passado; e realizamos debate sobre os impactos da reforma da Previdência na educação.
Também participamos no município baiano de Catu, da campanha “100 milhões por 100 milhões”, liderada pelo Nobel da Paz Kailash Satyarthi, com o objetivo de conscientizar sobre a importância de mais crianças na escola e a erradicação do trabalho infantil. Um projeto relatado por nosso mandato também avançou este ano e tem por objetivo aumentar as verbas de merenda escolar nas cidades mais pobres do País.
Tive a honra de receber, da Câmara Municipal de minha cidade natal, Cachoeira, a Comenda Maria Quitéria, durante as comemorações da data magna do município, quando os heróis da luta pela independência são reverenciados. Este ano, a Câmara Municipal também comemorou os 10 anos de transferência do governo simbólico do Estado para a cidade de Cachoeira, de acordo com a Lei Estadual 10.695/2007, que teve como base projeto de minha autoria quando deputada.
Enfim, foi um ano difícil, intenso e de muito trabalho. E 2018 nossa atuação continuará sendo de luta e de resistência! Nosso compromisso é e continuará sendo pela defesa intransigente da garantia dos direitos dos trabalhadores e dos direitos humanos. Vamos continuar lutando pelas causas que acreditamos serem as melhores para os baianos, nordestinos e o povo brasileiro. Não vamos desistir. A luta – e a resistência – continuam!
Bruna Pedroso, site Política Real
27.12.2017